
É tão pouco o que esse Capô quer dizer.
É só um mergulho. Uma mudança no fluido que nos cerca.
É só uma apologia à circulação igualitária do sangue, aos corações sadios, pulsantes e pensantes.
É também e somente mais uma vontade expressa de comunicação sobre os caminhos para algo novo e os dilaceramentos necessários.
E por último Capô é somente mais uma partícula da atmosfera do hoje, que como uma folha ao vento nos conduzirá ao futuro.
Esperamos estar em breve no palco. Enquanto isso nossa equipe traz nesse site, em vários formatos, um pouco do caminho percorrido até aqui e um pouco da obra em si.
Obras inspiradas na obra.
Navegue, mergulhe.
Georgette Fadel
ROLE PARA ASSISTIR O FILME E MERGULHAR NO SITE


Prólogo
a última
gota de ar
O coração é uma bomba. Uma bomba responsável pela livre circulação do sangue. O sangue alimenta e comunica. Liga todas as células a todas as células. Leva a atmosfera pra dentro do corpo. Leva comida pra todos os membros do corpo.
O coração é uma bomba que, quando saudável, distribui o sangue de maneira igual para todo o corpo através dos vasos.
Acredita-se que além das duas circulações comumente conhecidas
(a pequena, que leva e traz o sangue para o pulmão; e a grande, que leva e traz o sangue para o corpo todo)
existe uma terceira via. Uma circulação que liga o dentro e o fora. E portanto nos liga também.
Circulação etérica, é disso que se trata.
Uma circulação de sangue etérico que faz com que sejamos penetradas por tecido vivo do outro.
Uma ponte de sangue.
O corpo do outro dentro e meu corpo circulando nas veias do outro. Essa ponte sanguínea é real. É nossa alquimia.
(O cérebro humano é composto por 75% de água.
A água é o solvente mais usado no mundo.
Menos de 5% dos oceanos já foi explorado.
A água do mar não é adequada para o consumo.
A maior parte do oxigênio da terra é produzida pelas algas marinhas.
Todos os dias 6 bilhões de quilos de lixo são jogados nos oceanos.)
Portanto, obstruções e enrijecimentos do sistema circulatório criam necroses, atrofiamentos, escassez, entupimento, morte. O sangue chega pra alguns e pra outros não. O alcance do coração fica curto. O coração enfraquece.
Mas um coração quase morto não impede a mente de crescer e criar corpos gigantes. Corpos sem sangue. Próteses.
E onde o coração não está tudo pode acontecer.
Então, como não destruir? Como agir sobre o que não se conhece? Como agir sobre quem não se ama? Por que não destruir o que não me toca?







A elaboração da peça-site Capô como um desdobramento possível da sala de ensaio, abre também a possibilidade de uma dramaturgia expandida, que expõe sua processualidade, bem como suas potências e fragilidades. Durante o processo criativo muita coisa a nível de dramaturgia é elaborada e abandonada. Criar uma “dramaturgia off” aponta para todas as escolhas feitas e não feitas, para todas as peças que existem dentro de uma única peça, para o trabalho artesanal de escrever coletivamente.
Como se lê uma dramaturgia off?
A quem interessa?
Os primeiros três textos são esboços de estruturas dramatúrgicas, uma espécie de mapa para estar nos ensaios, uma maneira encontrada para dialogar com os materiais: desde textos teóricos a improvisações. Depois segue-se uma sequência não cronológica (mas com as respectivas datas de criação) dos textos escritos, e reconfigurados ao longo do processo. Optou-se por não expor cada uma das versões da escrita, mas suas transformações ao longo dos ensaios.
Surgiu a dúvida se era necessário atrelar autoria a cada trecho. Mas em certa medida a criação é interdependente. Seria possível fragmentar e indicar um trecho escrito por Georgette e depois reelaborado por Lara, ou vice e versa, mas como dizer o autor de um texto escrito a partir de uma movimentação, de uma postura, de um corpo criado pelas atrizes ou pelos outros artistas da equipe?
O processo de dramaturgismo requer um olhar atento e cuidadoso com a criação de cada um. Para a dramaturgia off não existe uma ordem pré-estabelecida de leitura dos materiais. Imagino todos eles boiando, as palavras borradas no contato com a água. As potências de criação que ainda podem surgir desses fragmentos.
Boa leitura!
Lara Duarte – Dramaturgista
31/07/2020



SARAH LESSA
Chovia muito no dia em que eu e a Lu conversávamos sobre a vida, recém chegadas em Sao Paulo, ela com um copo de cerveja na mão:
Sarinha, eu li um livro legal vamos fazer alguma coisa…Teoria king kong,. Pensei na Lau. Eu ri.
Acho que eu ouvia “vamos fazer alguma coisa”pela milésima vez. Eu fiquei (MUITO) animada porque ouvir essa frase vinda da Lu era como ganhar na loteria num dia chuvoso. O destino me dando a chance de crescer e aprender muitas coisas ao lado dela. Nós rimos, eu fui atrás do livro, Depois veio a Lau, pra minha sorte, é com com ela que eu divido todas as afliçoes e delicias de um processo dificil mas muito engrandecedor.
No dia seguinte a Georgette apareceu com o livro. Mais uns milhões na loteria, ela estava com a a gente.
Ganhei muitas coisas.
Perdi outras
Listei privilegios
Estudei o fundo do mar
Nossa condicao como mulher branca e privilegiada
O que a historia fez e faz das mulheres
A estrutura que massacra especiamente nossas irmãs negras
Aprisionamento dos padrões
Quebra de estrutura
Um corpo que se expande jamais volta ao seu tamanho inicial
Afundo
Procurando o ar.

LAURA FAJNGOLD
O livro teoria king kong(de virginie Despentes) é um soco no estômago. Ponto de partida, um relato auto biográfico, refletindo sobre a violência imposta ao corpo feminino, a ditadura da imagem e como sobreviver a todos esses padrões impostos desde que o mundo é mundo.
Uma liberdade que conquistamos. Conquistamos?
King kong é a metáfora de uma sexualidade anterior a distinção de gênero. Reflexões.
A origem, o começo de tudo.
Segundo Simone de bouvoir: “Não se nasce mulher, torna-se mulher, nenhum destino biológico, psíquico ou econômico define a forma que a mulher ou a fêmea humana assume no seio da sociedade” (BEAUVOIR, 1980)
E a Palavra feminismo , se alargando, entrando pelos poros, liberdade , igualdade, justiça. O que significa tudo isso?


LUCIANA FRÓES
CASA GEORGETTE
Paul Preciado e as Próteses. –Tecnologias reservadas ao uso médico entrando no espaço doméstico. Está forte o papo aqui. Como valorizar o toque, a sensibilização do copo inteiro como área erógena.
“Origem do Mundo” Quadrinhos da história do pensamento masculino sobre o corpo feminino, a apropriação de narrativas equivocadas, arbitrárias e abusivas.
O ASSASSINATO DA BOA CENA
Formas de assassinar a observadora feroz que há em você? Assassinato do momento ápice. Do que lhe é mais caro, do que foi construído como alta performatividade. Assassinato da ignorância sobre si. Como sobrevivemos, aceitamos ou vivemos em corpos que não os nossos velhos conhecidos, como abrir mão do que se conhece tão bem?
Deu vontade de usar maquiagem, muita cor, sangue, acessórios, mutação de corpos.
WORKandHOPEs
Sara comendo banana compulsivamente, se esticando compulsivamente, ouvindo sobre sexo compulsivamente, ouvindo música compulsivamente.
Mas por quê? Mas por quê?

Estréia parte 1
Estréia parte 2
Capô convida Stefany Nogueira
Capô convida Nil Alves de Lima



Elenco
Laura Fajngold, Luciana Fróes e Sarah Lessa
Direção
Georgette Fadel
Assistência de direção
Gabriel Franco
Direção de arte
Laura Vinci
Assistência de direção de arte
Flora Belotti e Bia Coelho
Dramaturgia
Georgette Fadel, com colaboração das atrizes
Dramaturgismo
Lara Duarte
Assistência de pesquisa dramatúrgica
Belise Mofeoli
Direção de fotografia
Julia Zakia
Montagem
Luciana Fróes e Julia Zakia
Animações
Gabriel Franco
Figurinos
Joana Porto e Rogério Pinto
Aderecista
Roberto Pádua
Costureira
Satele André
Direção de produção
Katia Manfredi
Produção executiva
Heloisa Oliveira
Direção musical
Luiz Gayotto
Trilha sonora original
Luiz Gayotto e Ivan Garro
Direção de movimento
Kenia Dias e Ana Paula Lopes
Direção vocal interpretativa
Lucia Gayotto
Designer
Gabriel Franco
Iluminação
Iaiá Zanatta
Direção de cena
Elisete Jeremias
Desenho de som e mixagem
Ivan Garro
Produção musical
Ivan Garro (Estúdio Olaria) e Rovilson Pascoal (Estúdio Parede-Meia)
Músicos
Luiz Gayotto, Ivan Garro, Rovilson Pascoal e Yonan Daniel
Marketing digital
Bruno Lobo
Assessoria de imprensa
Nossa Senhora da Pauta
Website desenvolvido por Paula Pimenta
@2021 São Paulo – Brasil
Vetor criado por rawpixel.com
Este projeto foi contemplado pela 9 ª Edição do Prêmio Zé Renato de Teatro para a cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura”
São Paulo – SP
11 98661-0296
capoteatro@gmail.com
REALIZAÇÃO


